Domesticado Animal Urbano

Ainda nem se fez manhã, mas a cidade já rosnava desde às 5:20! Alheia ao amanhecer, desfrutando de sua própria claridade, sustentada por suas pálidas luzes amareladas.
O dia surge e quase que nem se nota, não fosse pelo desligar das luzes da rua, o apagar dos faróis dos carros e o aumento drástico no barulho, ninguém diria que amanheceu um lindo dia. Entretanto, as pessoas que antes liam seus livros, seguem lendo, os senhores que falavam de futebol, ainda falam. Até mesmo as pessoas no ponto de ônibus, nem se deram ao trabalho de se mexer.
O domesticado animal urbano que nos tornamos, foi assimilado pela voracidade do monstro chamado capital. Somos pequenas peças num imenso jogo do qual só vemos e conhecemos uma parte. Neste sentido, não estamos distantes da alegoria de Platão. A nossa caverna nos foi colocada aos poucos e sem que nos déssemos conta, mas foi tão bem construída que cá estamos, incapazes de apreciar a beleza de um nascer do sol.

Alexandre Fonseca.
Outono de 2013

Deixe um comentário