Blues e Paz

Enquanto o blues soa leve pelos falantes (me abaixo para tentar ver o nome dos falantes e o ácido faz meus olhos darem uma volta em torno de suas próprias órbitas), vislumbro a silhueta de seu corpo nu saindo de um canto escuro (entra o crescendo do solo de guitarra do blues e o cantor entra com a voz alta e rouca) e indo para um canto menos escuro, mas ainda escuro e a fumaça de seu cigarro se confunde com a luz azul subindo em anéis menores formando uma pirâmide que se desfaz com a próxima baforada.
Você continua caminhando ao longo do bar com um copo de Martini nas mãos, a gaita sola loucamente entre nossas respirações e quando você pensa em pronunciar as primeiras palavras, já estou todo aí.
Um beijo longo e perfeito se desenha, como os de cinema e quando as portas do cabaré se abrem com um chute, é só o garoto do bar com mais cerveja.
Tem um cara fazendo trejeitos estranhos a medida que o gaiteiro sola, como uma daquelas cobras que respondem às flautas. Coisa estranha de se ver, mas, marcante!
A lua segue alta e nada vai mudar durante horas.

Alexandre Fonseca

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